quinta-feira, 5 de setembro de 2019

RECLAMAÇÃO

Não tenho dúvida de que a vida em uma megalópole como o Rio de Janeiro, com seu trânsito frenético, violência latente, epidemias, contrastes sociais e tantas outras mazelas típicas de uma grande urbe, é neurotizante. As tensões, cansaço e desgaste nos lançam à busca de qualquer via que nós dê algum tipo de alívio. E não necessariamente estou falando de álcool, drogas ou de qualquer substância química que nos pince da realidade. Me refiro a algo muito mais sutil, quase despretensioso, mas também viciante, a reclamação.

Já parou para contabilizar a quantidade de reclamações que ouvimos em um único dia? Pior, já contou quantas você mesmo faz?

Claro que não estou me referindo às constatações reais do dia a dia e a "necessidade fisiológica", por assim dizer, de desabafarmos e de gemermos quando a dor se faz presente. Ao contrário, me refiro àquelas intermináveis e constantes murmurações. Típicas daqueles para quem coisa alguma está boa ou é satisfatória.

Reconheço que reclamar diante de fatos e situações que nos são adversos é em certo sentido aliviante. É como se você estivesse exercendo o sacro santo direito que lhe é devido de manifestar a sua opinião, de expressar o que está sentindo. A princípio, diminui a tensão, lança sobre nós algum destaque, pois nos dá a impressão de que saímos na frente em perceber aquilo que a maioria não notou. Mas de repente essa prática se torna um hábito, nos tornamos sensíveis a tudo aquilo que pode ser apontado como inoportuno, desfavorável ou prejudicial. E sem, na maioria da vezes, percebermos as nossas opiniões e construções frasais passam a estar sempre marcadas pelo negativo. Bem-vindo! Nesse ponto já podemos requerer a nossa carteirinha de sócio do clube dos murmuradores.

O que não percebemos é o efeito nocivo que as constantes reclamações provocam em nós mesmos e nos que estão à nossa volta. Quando nutrimos e verbalizamos os nossos pontos de vista negativos é como se dessemos materialidade à impossibilidade. É como se assumíssemos para nós mesmos inibidores, barreiras à ação e a produtividade. Também é preciso mencionar que as nossas próprias reclamações abalam o nosso humor, nos tornam amargos, nos permitem falar mais do que devíamos, provocam feridas, demandam uma quantidade expressiva de elucubrações, construções mentais e emocionais que, às vezes, se quer correspondem à realidade.   E cansam, como cansam! A nós e aos que nos ouvem.

As reclamações desanimam, desmotivam, inibem, cerceiam. E mobilizam por parte do reclamante e dos seus ouvintes uma boa dose de energia. Que desperdício!!!! Essa energia pode e deve ser canalizada na direção da realização e da produção desde que assumamos a nossa responsabilidade de artesãos de uma nova realidade. Diante dos nossos desafios, sejam eles quais forem, temos as seguintes possibilidades: nos adaptarmos a eles; lutarmos pela mudança das circunstâncias; ou fazermos aquilo que sempre tem algum grau de necessidade, mudarmos a nós mesmos. Mas reclamar por reclamar é tão somente sinônimo de desistência, anulação e desperdício de energia!!!!

Não seja um murmurador. Ao contrário, cultive o otimismo. Faça o exercício contínuo de reconhecer o lado bom das pessoas, propostas, e fatos que surgem. Seja um incentivador de si mesmo e dos que te rodeiam. Anime-se, estimule-se, assuma para si a responsabilidade de modificar para melhor as circunstâncias nas quais está inserido. E por amor a si mesmo, também não permita que as reclamações alheias drenem as suas energias.

Quero terminar contanto a história de uma senhora de avançada idade que tinha a mania de destacar as qualidades de todas as pessoas. Sempre que alguém mencionava o defeito de alguém, vinha ela mostrando o outro lado da moeda. Era assim com pessoas e circunstâncias. Um dia em uma reunião de família lá estava ela, fazendo o que fazia tão bem. Sempre que uma crítica a quem quer que fosse surgia, vinha ela mencionando as qualidades da tal pessoa. De repente, um de seus filhos, já sem paciência, exclamou: - Poxa Mamãe! Desse jeito a senhora vai arrumar qualidade até para o Diabo! E a senhora prontamente respondeu: - Mas uma coisa a gente tem que reconhecer, ele é bem persistente!

Se é possível reconhecer qualidade até no Diabo, por que temos tanta dificuldade em, ao invés de reclamarmos, alardearmos as coisas boas da vida e que com certeza cruzam a nossa caminhada continuamente? 

Falemos mais das nossas experiências positivas, elogiemos mais, celebremos mais as vitórias e as coisas boas que nos cercam. Aceite o desafio de economizar energia deixando as reclamações de lado, passando a reconhecer mais o colorido da vida e contribuindo para a leveza dos ambientes por onde passamos. Com certeza isso vai ajudar a você e a quem está ao seu lado.

Seja feliz!

   Vinck Vitório

2 comentários:

  1. Meu irmão e amigo, muito feliz por visto o seu blog.
    Um texto de sabedoria e atual necessidade.
    Porque, mesmo, o mais perto de Deus que estejamos, ainda assim nos pegamos na murmuraçao.
    Maravilha, bênçãos de Deus a sua vida.
    Estarei seguindo sempre que possível. ABRAÇOS.

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