sexta-feira, 13 de maio de 2011

O que Jesus queria da Igreja?

É muito comum nos perguntarmos sobre o que as pessoas estão querendo da Igreja. Possível, mas não muito comum é nos perguntarmos o que queremos da Igreja. Porém, difícil mesmo é nos preocuparmos em saber o que Jesus quer da Igreja.

Antes de continuar escrevendo esse artigo eu preciso confessar que estou farto de fórmulas, de modelos pré-fabricados e de descrições megalomaníacas e detalhistas de fantasias que de nada servem. É impressionante reconhecer quanta gente anda ignorando o óbvio e outras tantas descrevendo quimeras. Também não suporto mais diagnósticos sem prescrição de tratamento. Criticismo puro, concentrado ou temperado com pessimismo, é total perda de tempo e totalmente estéril.

Desabafos a parte, a questão permanece: qual a vontade, o projeto anunciado por Cristo para a Sua Igreja?

No Evangelho segundo João, capítulo 17, nos versos 20 a 23, Jesus nos dá uma boa evidência dos Seus planos para a Igreja.

"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim."

Ao anunciar que a Sua intercessão não era limitada apenas a um grupo definido pelos circunstantes, o Senhor projeta a Sua atenção na direção daqueles que ainda viriam a crer, numa clara demonstração de que a Igreja deve se lançar sempre para além dos seus limites numéricos e geográficos. Jesus poderia ter clamado somente pela manutenção do grupo, mas ao contrário, Ele está afirmando que outros vão vir, vão crer. A Igreja projetada por Cristo está longe de ser uma realidade estagnada, sem perspectiva, acomodada, não. Ela é caracterizada pelo dinamismo do crescimento e pela expectativa dele.

Se quisermos saber como e de onde virá o crescimento, a resposta está clara no texto, é por meio da Palavra de Deus, os que crerem, crerão por intermédio da Palavra. A fonte do crescimento não são as inovações humanas, não é a agenda social do grupo, não é a produção de espetáculos, discurso motivacional ou sessões de massagem de egos. Mas a Palavra anunciada e pregada com fidelidade.

Também pesa sobre a Igreja a responsabilidade de ser um ambiente onde vidas são aperfeiçoadas por meio da presença, poder é glória que nos são transmitidos pelo próprio Cristo. A Igreja não transforma, o agente de transformação é o próprio Senhor. E essa transformação se traduz em unidade, que tem como referência nada menos do que a Santíssima Trindade. Logo, está aí mais uma característica da verdadeira Igreja, a unidade. Pois não é isto que celebramos na eucaristia, vidas transformadas e unidas?

Falar de unidade em termos bíblicos é obviamente falar de união e isto sem trocadilhos ou jogo de palavras. Esse status de relacionamento é a evidência de vidas transformadas com relacionamentos também transformados. Uma realidade verdadeiramente alternativa a um mundo de egoísmos, individualidade e solidão. A Igreja é mais do que a prova, ela é ao mesmo tempo a testemunha e o testemunho de que Jesus Cristo é real, foi enviado e é eficiente em salvar e aperfeiçoar pecadores.

Que possamos ser mais sinceros ao compararmos o que Jesus anunciou como projeto divino e o que estamos construindo como um projeto meramente humano e em nada diferente do mundo a nossa volta. Que nesses dias tão angustiantes o Senhor esteja levantando mulheres e homens dispostos a trabalhar para o cumprimento da Sua vontade.

Rev. Vinck Vitório








Um comentário:

  1. Ótimo post, professor! De fato a igreja perdeu seus referenciais, ou seja, nós perdemos o foco. Caminhamos, vencemos, conquistamos: o quê, se deixamos Jesus pra trás? Precisamos resgatar nossa identidade Nele a fim de cumprirmos nossa missão no mundo. Enfim, parabéns novamente pela edificante reflexão - que me motiva a não ficar só nela, mas agir no que cabe a mim. Abraço!

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